O ranking das piores decisões que um cliente pode tomar na obra (e como quase deram errado na vida real)
Baseado em histórias reais que todo mestre de obra já viveu — ou vai viver.
Construir ou reformar é um dos momentos mais empolgantes para qualquer pessoa. Mas também é o momento em que clientes, por falta de orientação, acabam tomando decisões que parecem inofensivas… e que depois geram dor de cabeça, atraso e prejuízo.
Como mestre de obra, já vivi situações que dariam um livro — e, para ajudar quem está prestes a começar uma obra, montei este ranking com as piores decisões que um cliente pode tomar, com histórias reais para ilustrar o impacto de cada escolha.
Prepare-se: tem humor, tem tensão e tem aprendizados importantes.
🥇 1º Lugar: Economizar no impermeabilizante
Essa é campeã — disparado.
A história real
Há alguns anos, fiz uma obra em uma casa nova. Tudo impecável. Concreto, revestimentos, pintura… até que chegou o momento da impermeabilização da área externa e dos banheiros.
Expliquei a importância:
“Se economizar aqui, a água vai achar um caminho. Sempre acha.”
O cliente olhou o preço do impermeabilizante premium e disse:
“Vamos no mais barato. É só um quartinho e um banheiro, não precisa disso tudo.”
Dois meses depois da entrega, recebi a ligação:
Mofo subindo pelas paredes, rejunte escurecido e uma infiltração começando no quarto ao lado do banheiro.
O barato saiu caro — de novo.
Tivemos que quebrar tudo para refazer. O gasto triplicou.
Moral da história:
Economizar na impermeabilização é como pular de paraquedas sem verificar se está dobrado.
🥈 2º Lugar: Comprar revestimento barato sem olhar se o lote é igual
Essa aqui rende história todo mês.
A história real
Em uma obra de apartamento, a cliente achou uma “super promoção” de porcelanato.
Lindo, brilhante, ótima marca…
Mas comprou de dois lotes diferentes, sem perceber.
Na caixa parecia tudo igual.
Na parede, virou um xadrez involuntário.
Algumas peças tinham brilho diferente, outras tonalidade mais amarelada.
A cliente ficou desesperada:
“Mas como pode? Era o mesmo produto!”
Sim, o mesmo produto.
Mas lote diferente é outro mundo.
Tivemos que arrancar metade, correr atrás do lote correto (que não existia mais) e acabar trocando todo o revestimento por outra linha.
Moral da história:
Promoção é boa, mas lote igual é obrigatório.
Senão a parede vira um mosaico sem intenção artística.
🥉 3º Lugar: Mudar o projeto no meio da execução
Essa decisão rende atrasos, retrabalho e muita dor de cabeça.
A história real
O cliente tinha um sonho: um banheiro grande com nicho iluminado, pia dupla e box generoso.
Projeto aprovado, hidráulica passada, tudo começando a tomar forma.
Na metade da obra, ele veio com a frase que todo mestre de obra teme:
“Pensei melhor… queria mudar tudo.”
Queria mover o vaso sanitário para o outro lado, aumentar o nicho, trocar o revestimento e mudar a posição da porta.
Para quem não entende, parece simples.
Na prática, significa:
mexer na hidráulica
quebrar parede pronta
refazer elétrica
atrasar revestimentos
recalcular prumo e caimento
O banheiro que seria entregue em 2 semanas virou 2 meses.
Moral da história:
Projeto é para ser seguido.
Mudanças no meio do caminho custam tempo, dinheiro e paciência.
🏅 4º Lugar: Contratar profissional sem referência
O famoso “meu primo faz”.
A história real
Em uma reforma, a cliente quis economizar contratando um pedreiro indicado por um conhecido distante.
Sem portfólio.
Sem fotos de obras antigas.
Sem histórico profissional.
Logo no primeiro dia, percebi o problema:
Assentamento torto, medidas erradas e zero cuidado com o acabamento.
O auge foi quando ele assentou porcelanato grande sem nivelador e disse:
“Depois a massa niveladora resolve.”
Não, não resolve.
No final, tivemos que refazer tudo.
O cliente pagou duas vezes:
Para o primo… e para fazer direito.
Moral da história:
Profissional sem referência pode transformar qualquer obra simples em um pesadelo.
🏅 5º Lugar: Comprar material por conta própria — sem consultar o mestre de obra
Essa aqui parece pequena, mas gera problemas gigantes.
A história real
O cliente decidiu adiantar a obra e comprar todo o material pela internet, sem me avisar.
Chegaram:
tubos de bitola errada
argamassa inadequada para o tipo de piso
tinta que não era lavável
fio elétrico abaixo da amperagem necessária
Resultado:
Devolução, troca, atraso, dor de cabeça e retrabalho.
Tudo porque ele quis “adiantar o serviço”.
Moral da história:
Comprar sem orientação vira loteria.
🧠 Conclusão: algumas decisões parecem pequenas… até darem muito errado
A maioria dos problemas em obra nasce de decisões tomadas sem orientação técnica.
E, na construção civil, qualquer erro cresce rápido.
Por isso, antes de economizar, improvisar ou tentar acelerar as coisas, lembre-se:
O mestre de obra está ali para evitar prejuízo — não para complicar.
